A carta de alerta

por Arnaldo Eugênio – Doutor em Antropologia

Depois da pressão fracassada com o “tarifaço comercial”, a carta aberta do presidente dos Estados Unidos Donald Trump, divulgada em suas redes sociais, dirigida ao ex-presidente inelegível Jair Bolsonaro e criticando o sistema judiciário brasileiro, acendeu o alerta nas autoridades de uma possível fuga programada, com pedido de asilo político nos EUA.

A “carta de Trump” afirmando que seu aliado político estaria recebendo um “tratamento terrível pelas mãos de um sistema injusto”, motivou o Supremo Tribunal Federal (STF) a impor restrições ao ex-presidente inelegível, que fica proibido do uso de redes sociais, falar com embaixadores e diplomatas estrangeiros, além de usar tornozeleira eletrônica e cumprir recolhimento domiciliar, para assegurar a vigilância do réu em tempo integral.

Assim, as falácias made in USA buscam desvirtuar os fatos criminosos que tornaram o seu aliado da extrema-direita em réu no STF. Ou seja, ele é réu – em vias de condenação e prisão – por liderar uma tentativa de golpe de Estado, podendo enfrentar penas que, somadas, ultrapassam 40 anos de cárcere.

Nesse sentido, a “carta de alerta trumpista” sobreavisou os Ministros do STF de que há risco real de fuga por parte do ex-presidente. Nos bastidores da Corte, existia o receio de que Jair Bolsonaro (PL) solicitasse asilo político ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Para evitar, a Polícia Federal (PF) teve que cumprir mandados de busca e apreensão na residência de Bolsonaro, em Brasília, e no escritório do Partido Liberal (PL).

Tanto que, durante a operação de busca e apreensão, a PF apreendeu um valor próximo a 14 mil dólares, conforme estimativa preliminar dos investigadores. Além de pen drive e cópia de petição contra o ministro do STF, Alexandre de Morais. Ou seja, já existiam preparativos para uma fuga programada do país?

Tais objetos de apreensão chamam a atenção das autoridades e reforçam a tese de investigação da PF de que estejam ligados a uma possível tentativa de fuga do “ex-presidente imbrochável”, em comum acordo com o trumpista de extrema-direita.

Desse modo, a “carta de ingerência” trumpista precipitou a decisão do STF em impor o uso da tornozeleira eletrônica, como parte de uma série de medidas cautelares, com o objetivo legal para evitar a tentativa de fuga do réu e assegurar a integridade das investigações em curso.

Nesse sentido, a falsa crença de inocência trumpista na “carta a Bolsonaro” busca insuflar os “patriotas fakes” contra o STF, sugerindo que o “[…] julgamento precisa parar imediatamente” e de que estar “muito preocupado com ataques à liberdade de expressão”. O republicano made in USA ignora, intencionalmente, que o Brasil é um país soberano.

Na verdade, a estratégia de Trump é tutelar no Brasil um político subalterno, ou seja, um pária partidário “mais dócil” aos interesses americanos – p.ex. proteger as Big Techs. Usando como moeda de troca forçar uma anistia aos golpistas – civis e militares – e aos condenados pelos atos criminosos de 8 de Janeiro de 2023.

Contudo, diferentemente do “período negacionista” (2019-2022), o Brasil tem a frente da presidência da República um estadista, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que defende a soberania do país, adota medidas para proteger sua população e seus setores produtivos diante das sanções impostas por Donald Trump. Um estadista que nunca conspirou contra a pátria e respeita a Justiça brasileira – até mesmo quando esteve injustamente preso.

Portanto, indiferente às ameaças e manobras de Trump, o Judiciário brasileiro está agindo dentro dos preceitos legais – p.ex. garantindo a ampla defesa aos réus –, mesmo com os aliados do ex-presidente inelegível tentando desmoralizar o país e o seu sistema de justiça, através dos EUA.