MULHERES DA FILA: uma história sobre o amor na defesa da vida humana com dignidade

                                                                                                                                              Por Arlindo Salazar

Em recente evento no auditório da gloriosa Polícia Militar do Maranhão, “as mulheres da fila” como
ficaram conhecidas, fundaram a Associação de Mães e Familiares das Pessoas com Deficiência da
Região dos Cocais, marcando assim uma etapa importante de lutas pelos direitos da pessoa com
deficiência.

Passados 35 anos da promulgação da Constituição Cidadã, uma constituição garantidora de direitos,
inclusive ao direito à saúde, vemos, com muita constância, flagrantes desrespeitos à dignidade da
pessoa humana, em especial, da pessoa com deficiência. É nesse propósito de lutar pela garantia
desses direitos que as Mulheres da Fila se organizam legalmente em Sociedade Civil.

A luta por garantia de direitos tem uma finalidade importante que serve para concretizar e ressaltar o
valor absoluto da vida humana, sendo a dignidade da pessoa humana um valor incondicional,
incomensurável, insubstituível, incomparável universalmente e principal fundamento da nossa
Constituição.

Os direitos humanos – nos moldes atuais – fazem parte da história recente, mas precisamente do pós
segunda guerra mundial com a Carta da ONU e em 1948 com a Declaração dos Direitos Humanos.
No entanto, essa luta encontra raízes na idade antiga, também nas passagens bíblicas, sendo Antígona
– personagem narrada por Sófocles – um bom exemplo de busca pela dignidade da pessoa humana.

A heroína Antígona luta contra a ordem do rei pelo direito de sepultar seu irmão, dando a ele
dignidade: desobedece o édito real, sepulta o irmão e por isso será condena à morte. Fez tudo por
amor.

As mulheres da fila quebram o silêncio, vão às ruas, manifestam-se e se organizam para materializar
direitos garantidos constitucionalmente e negados pelos governantes. O oxigênio dessa luta não é
outro senão o amor. O autor de Coríntios 13:4-7 nos ensina que o “amor é paciente, o amor é bondoso.
Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira
facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade”.

A luta organizada pelas “Mulheres da Fila” é um convite, ou melhor, um ultimato aos governantes e
representantes para entenderem que o AMOR não se alegra com a INJUSTIÇA, mas com a JUSTIÇA.
Justiça, que em John Rawls, é a primeira virtude das instituições sociais. A solução para uma
sociedade promissora é um contrato social justo entre o Estado e os indivíduos. Um contrato social
justo é aquele em que todas as necessidades dos indivíduos sejam tratadas igualmente.

Aqui, estamos diante de um seguimento muito injustiçado, ao ponto de não ter acesso, minimamente,
a medicamentos necessários aos filhos com deficiência; acesso a um espaço adequado para que os
profissionais cuidem com a atenção que lhes devemos.

Que a luta por dignidade continue pelas mãos delas e por nossas mãos, só assim, seremos uma
sociedade próspera.

 

Arlindo Salazar é Professor, Contador, Analista-Tributário da Receita Federal do Brasil e estudante do 2º período de Direito-UEMA-CAMPUS-CODÓ e Pré Candidato a Prefeito de Codó

 

 

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